Radiohead

A estranheza bem-vinda

Mesmo com toda a globalização pós internet ainda somos capazes de perceber na cultura de outros povos/países a estranheza do desconhecido… e ficamos sempre imaginando o quão interessante seria aquele contato com o estranho, o fora do comum, o anormal.

Ouvir Radiohead é estar constantemente com a sensação de que o outro (no caso a banda ou mais especificamente a figura do Thom Yorke) está invadindo a nossa vida com a sua estranheza e logo após esta invasão somos tomados por uma súbida aura de identificação e é isso que faz a banda ser amada e admirada nos quatro cantos do planeta.

A estranheza constantemente vomitada de forma visceral e agressiva pelo Thom Yorke é a estranheza de nós mesmos,  do nosso elo desconhecido,  daquele eu que não queremos enxergar.

A música do Radiohead faz você se olhar no espelho e se confrontar com sentimentos dúbios . Em épocas de desesperada aceitação por meio das redes sociais e a ânsia do indivíduo de ser visto como um ser feliz e bem sucedido,  contrasta com a crueza da realidade que o Radiohead vem jogar na nossa cara… de que somos todos estranhos perante o outro.

Deveríamos gostar de ser diferentes,  deveríamos gostar de ser estranhos pois se acreditamos ter cada um uma personalidade,  então a estranheza deveria ser bem vinda. Quanto mais queremos nos enquadrar no senso comum,  menos identidade ou personalidade temos. Quanto mais queremos ser aceito mais carecemos de auto confiança. Todos nós sabemos disso…

Então,  a estranheza do Radiohead é muito bem vinda.

A banda costuma ser comparada com o Pink Floyd,  que nos anos 60/70 causava hipnótica agonia ao trazer o seu som psicodélico longo e introspectivo que descrevia viagens alucinógenas das mentes nada convencionais de Sydney Barrett, Roger Waters e David Gilmour.

Esta honra não poderia ser dada a uma banda qualquer…o que nos leva a fazer esta comparação é o simples fato de não sabermos identificar exatamente o que sentimos quando ouvimos o Radiohead…ou o Pink Floyd.

Apenas nos iludimos em entrar no “mundo estranho do outro” e esquecer que aquela loucura, estranheza e anormalidade fazem parte de nós mesmos…nos pertence.

 

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