Nicolas Jarr

Eletrônico quase orgânico.

A música eletrônica tem diversas vertentes e estilos diferentes. Todos eles vem se desenvolvendo ao longo do tempo. Cada um à sua maneira. Grandes nomes da cena eletrônica como Nightmare on Wax, Bonobo, Amon Tobin, Moodymann, DJ Shadow, e outros são tratados como deuses devido a magnificência e qualidade do seu trabalho.

Criando um paralelo sobre esta evolução vamos citar o enigmático seriado de Tv americana “Westworld” que provoca a nossa imaginação com a possibilidade das máquinas se desenvolverem tanto a ponto de evoluir para o “quase” humano.

Nicholas Jaar repete este feito, apresentando uma música eletrônica tão desenvolvida que parece ter evoluído para uma música “quase” orgânica.

O que o diferencia dos grandes nomes da nova e velha geração de djs da cena eletrônica, é a necessidade quase obsessiva de deixar os sentidos serem o leme que dita as regras dos caminhos sonoros a serem desvendados. Estes caminhos sonoros são compostos de essências latinas, cadência eletrônica, muitos ruídos e percussão além de longos silêncios.

Sua música soa como um mantra criado para elevar o espírito de quem ouve.

Assistindo suas apresentações ao vivo e possível observar como as pessoas fecham os olhos para absorver a sua música como se fosse um beijo, e deixam que o corpo se movimente num ritual rítmico como num transe coletivo. Essa entrega me força a pensar que as novas gerações estão finalmente descobrindo as delícias da contemplação introspectiva que a musica eletrônica pode provocar, como aqueles provocados pelos pioneiros clássicos da música eletrônica como “Tubular Bells” de Mike Oldfileld, Automat de Romano Musumarra e Claudio Gizzi e Trans European Express do Kraftwerk.

Nicholas Jaar parece ir além. Sua discografia mostra tamanha flexibilidade que lhe permite transitar entre os ritmos mais dançante até a mais ousada psicodélica. Flerta com todos os ritmos, mas a marcação percussiva hipnótica e suavemente repetitiva é a sua marca registrada, talvez devido a sua origem chileno/americana.

Queridinho de todo mundo é reeditado por vários DJs e fans nos quatro cantos do planeta, sendo que um dos melhores resultados destas reedições é a mixagem “Trip in Cuba” da gravadora Gentleman gravadora que pode ser ouvida no final desta página.

Com tudo isso Nicholas Jaar arrebata prêmios por onde passa. Já se apresentou em São Paulo na versão brasileira do Dekmantel Festival em 2017 e teve a sua música “Mi Mujer” incluída na trilha sonora do seriado  “Legion”, a mais cool, subversiva e psicodélica aventura da Marvel Comics.

Mesmo que a música eletrônica não seja a praia de muitos, vale a pena dar uma conferida no som de Nicholas Jaar e seguir a regra “numero 1” da Lapaloop que é: falar com estranhos. Abrir sua mente para o novo e exercitar o diálogo com o outro para entender seu universo e assim perdermos a nossa ignorância.

Em tempos de polarização de idéias, este pode ser um belo caminho a ser percorrido.

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