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Portugal é considerado hoje um dos destinos mais cotados do mundo. Nesta hora sinto pena dos portugueses que estão prestes a ver a sua cultura e a originalidade do seu lugar invadidos e expostos aos abusos do turismo comercial, como acontece hoje em Veneza e no Rio de Janeiro.
Fico imaginando aquela população de pessoas simples e educadas sendo expulsas de seus vilarejos lindíssimos para dar lugar a resorts e outras bobagens megalomaníacas para satisfação da curiosidade vazia de uma elite ignorante.
Malefícios a parte, Portugal ganhou visibilidade e admiração por ser um dos lugares mais bonitos do planeta até mesmo para os meus olhos cariocas acostumados a tanta beleza. Nazareth, Arquipélago de Azores, Caiscais, Évora, Fatima, Óbidos, Avira, Lagos, Sintra, Porto e até mesmo a própria Lisboa confirmam esta perigosa afirmação.
Toda esta beleza, mais a magia acerca dos mistérios do mar que o banha e a saudade triste do fado, fizeram surgir ali, em meados dos anos 80, uma das bandas com uma das sinergias musicais mais sofisticadas do mundo: o Madredeus.
Em pouco tempo os ouvidos mais atentos se renderam completamente aquela mistura combinada de fado, com musica popular portuguesa, musica clássica e muitos “silêncios” entre estas sonoridades.
Magia, delicadeza, tristeza. paixão, saudade, amor, delírio, contemplação, envolvimento, meditação, elevação, todos os mais belos sentimentos convivem juntos quando voce ouve o Madredeus.
A voz de suas muitas vocalistas, principalmente Dulce Pontes e Teresa Salgueiro, que cantou na fase inicial do grupo até 2007, expressam com clareza estes sentimentos e faz o nosso coração se encher de ternura e admiração pela cultura e pelo povo português.
Madredeus é uma banda para se ouvir e ver. A expressão de seus componentes quando envolvidos no ato de fazer musica transmitem a mais profunda interação do homem com a arte. Eles expressam isto de forma expontânea sem as caretas forçadas do mainstream, que aliás, parafraseando Caetano: “apesar do reconhecimento, o Madredeus não cabe no mundo do Time Magazine”…
O documentário francês Les Açores de Madredeus (que voce pode assistir nesta página) consegue explicar em imagens o quanto o Madredeus convida a reflexão sobre uma paz viável e possível para todos nós, quando finalmente decidirmos voltar as nossas humildes origens de convivência harmonica com a natureza e os outros seres humanos. Nem tanto uma Shangri-La, mas apenas Portugal.
Barulhinho Bom Now on air